Isenção. Rigor. Inteligência. Aonde?! Aonde?!

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24 julho 2006

Porque raio hei-de ir ao Curso de Escrita?!

É tipicamente português e em tempos de crise acentua-se: está-nos no sangue questionarmo-nos sobre se vale a pena gastarmos o nosso dinheiro, a menos que seja para despesas de saúde, table-dances ou jogos do Benfica. Haja bom senso.

Em primeiro ligar, o que é Escrita Criativa? Confesso que o conceito de pode ser um bocado subjectivo.
Por exemplo: para mim, Escrita Criativa é uma mente aberta passando ideias e sentimentos para o papel. Para o meu filho, Escrita Criativa é tudo o que meta canetas de feltro e o tapete da sala.
Enfim, feitios.

Passemos ao corpo docente. É um corpo elegante, tem para aí 1.60m e chama-se Paula Perdigão.
Não é um mau nome. Sempre é mais bonito que “Conselho Directivo da EB 2,3 de Arruda dos Vinhos”.
“Paula Perdigão. IFICT. Londres. Nova Iorque.” ?! Nah! Eu desconfio sempre de pessoas que têm um curriculum do tamanho do Rossio.
Além disso, pessoas que estudam tanto tempo no estrangeiro não percebem nada do verdadeiro humor português. Aposto que não sabe a letra do “Pito da Maria” nem conhece o Zé Castelo Branco.
Bom, o que vale é que foram só 100 euros. Quando quiser escrever a sério, vou ter de abrir os cordões à bolsa e contratar a Pimpinha Jardim.

O curso não começou lá muito bem. Cheguei atrasado, porque não tinha carro. Ás vezes é difícil explicar às nossas mulheres que um carro não dá para duas pessoas irem a sítios diferentes ao mesmo tempo. E é difícil porque as mulheres têm esta ternurenta qualidade de serem muito salomónicas: “Deixa lá, eu só uso o volante. Fica com a caixa de velocidades. Ah, e leva os retrovisores, eu hoje já me pintei.”

Depois do meu atraso, começou o curso com a típica apresentação. Para quem não sabe, apresentarmo-nos é como dar uma aula de matemática: falamos, falamos, mas os outros só apanham 10%. De maneira que, se quando acabarem de falar de vocês, da vossa casa, vida, emprego, mulher, filhos, amigos, vícios, medos, clubes e doenças infecto-contagiosas, alguém souber o vosso nome, é muito bom.

E para quem achava que a apresentação tinha saído furada, a Paula tratou de nos introduzir à parte pior: “Agora vamos ver DVD’s de comédia.” Está visto, até aqui levo com os concertos do Nel Monteiro.
Mas não: enquanto víamos DVD’s dos Monthy Phyton, Robin Williams, etc., recebíamos dicas e lições muito interessantes. Depois vieram os exercícios, para me provarem mais uma vez que, ao contrário do que penso de mim próprio, eu até sou uma pessoa bastante estável. Pelo menos escrevo tão bem como quando tinha 5 anos, o que é um fenómeno de estabilidade.
E as colegas eram muito simpáticas, inclusive emprestaram-me uma folha para eu escrever. Sim, eu nessa altura ainda não tinha percebido que, num curso de escrita criativa, íamos escrever em papel. Pronto, lá se foram os 30 euros que gastei em latas de spray.

Moral da história: vendo bem, aquilo até nem foi assim muito horroroso. Sinceramente, nem foi mauzinho. Foi mais ou menos. Foi engraçadinho. Foi fixe. Foi muito bom. Quero mais!

CGA

23 julho 2006

ESCRITA CRIATIVA - Carta ao Diabo

Lúcifer,

Eu sou um tipo frontal. O meu pai já era um tipo frontal e o meu filho de 2 anos continua a ser um puto que encara tudo de frente. Principalmente as ombreiras das portas.
Portanto, sendo eu um tipo frontal, deixa-me que te diga que só te escrevo esta carta porque me obrigaram a escrever. Pessoalmente, perdi o interesse em escrever a tipos vermelhos que não existem desde os meus 14 anos, quando pedi a vizinha do Rés-do-Chão ao Pai Natal e o gajo mandou-me dois pares de peúgas e um pijama do Mickey.
Acontece que neste momento o meu filho está a ver a Floribella, e se a minha mulher me perguntar o que estou a fazer prefiro dizer que estou a escrever ao Diabo, não vá ela duvidar da minha sanidade mental.

Muita gente diz que todas as desgraças têm a mão do Diabo, como os mísseis contra o Líbano, os tsunamis na Indonésia ou o site da Ana Malhoa. Se assim for, deixa-me que te diga que és o tipo mais parvo que eu já conheci, a seguir ao Zé Tó, que achava que os burriés tinham íman só porque os atirava ao frigorífico e eles ficavam lá colados.
Apesar disso, acho que já meteste mais medo. Antigamente falar no Diabo era sinal de morte certa. Quem falava no Diabo sabia que ia morrer antes dos 150. Quem não falava vivia na esperança de chegar à idade da Lili Caneças.
Hoje em dia fazes-me lembrar o Alberto João Jardim: uma figura ridícula que nos diverte no Carnaval. A única diferença entre os dois é que um tem um rabo grande e ainda assusta os ignorantes, e o outro é vermelho.

Nunca soube se me queixasse da vida a ti ou a Deus, mas hoje em dia olho para o Mundo e vejo que vocês recriaram o tratado de Tordesilhas. E basta comparar Portugal com Espanha ou Angola com os Estados Unidos para perceber que Deus ficou com a parte dos espanhóis.

De maneira que te escrevo acima de tudo para te agradecer pelo que fizeste por nós. Muito e muito obrigado!

Cláudio

PS: Quando quiseres vem cá passar umas férias. E não te desculpes com o tempo, que em Beja até já podes tirar o sobretudo.



CGA