45, o número do azar

Os saldos põem-me doido. Não doido no sentido feminino da palavra: “50%?! AH! Compra duas! COMPRA DUAS!”
Doido porque, para comprar uns sapatos em saldos, já gastei o custo de 3 pares só em gasóleo. E não encontro um 45 que me sirva, sem que eu pareça o Aladino.
A frustração cresce de dia para dia. Ao princípio ainda escolhia uns sapatos e perguntava “Tem o 45 deste par?”. Hoje é a minha mulher que entra nas lojas e diz “Diga-me que sapatos é que tem em 45, já!”
À frustrante demanda associam-se as imprevisíveis empregadas. Eu tenho para mim que os diálogos com empregadas de loja portuguesas são como os jogos do Benfica: nunca se sabe no que aquilo vai dar.
No entanto, na maioria dos casos, tenho-me deparado com "apenas" 3 tipos de empregadas:
Há as discretas como o 24 horas: “45? 45?!!! Não, ISSO não temos!”;
Há as boquiabertas, que olham para baixo com tal espanto que eu chego a pensar que acabaram de descobrir um poço de petróleo;
E depois há sempre as utópicas: “Não quer tentar o 44? Experimente, é capaz de caber.”
Começo a pensar que é deveras humilhante tentar comprar tamanhos grandes. Deve ser por isso que os africanos não usam lá muitos preservativos.


CGA