Isenção. Rigor. Inteligência. Aonde?! Aonde?!

what is this?

Tell me when this blog is updated. . .

07 abril 2006

CORREIO DO LEITOR

Nos termos do direito à resposta, blá blá blá, o direito à resposta, blá blá blá, como se alguém lhes tivesse feito alguma pergunta, recebemos uma carta da AABAE - Associação Alunos Bué Amigos da Escola, sobre as alegações de aumento da violência dos alunos por parte dos professores:

Antes de mais, queria dizer que nenhum de nós tem nada contra os profs. Por acaso a semana passada, o Zé Kabeças tinha uma faca que atirou contra o prof de História, mas entretanto a bófia catou-lhe a naifa, de maneiras que agora não temos nada.
Mas queríamos manifestar-nos contra os profs porque eles, é pá, prontos, são bué de violentos para o pessoal.

Por exemplo, a gente já teve casos de alunos que fazem uma pequena advertência ao prof, tipo “É pá, cala a boca, ó palhaço.” e eles é logo bué da alto “Desculpa?!”, como se a gente fosse filhos deles. E depois se um gajo dá-lhes um pontapé na boca ainda tem de ir a Conselho Directivo e chamam os pais, que coitados tão a trabalhar e não têm a culpa de haver profs estúpidos.
Só para verem a cena, a gente tem um colega que é sem-abrigo, e o prof de Matemática, só para lhe chagar a cabeça, manda-lhe Trabalhos Para Casa! Trabalhos Para Casa, chavalo! Agora, se alguém nos disser como é que um sem-abrigo faz TPC, na boa!

Depois, os profs não entendem as nossas realidades sociais. Tipo, eu tenho um primo que é tipo bué inteligente, bué cromo mesmo, e o gajo já sabia contar até 15 facas, tipo “1 naifa, 2 naifas…” e tal, mas o prof insistia em que ele tinha de contar batatas! “Não sabe contar batatas, não passa!”
Isto é bué de racista, man! O que é que uma batata tem que uma naifa não tem?
Eu até pergunto:
o que é que é mais importante para a tua sobrevivência, saberes quantas facas o teu inimigo tem no bolso ou saberes quantas batatas tem um McMenu?
O chavalo vinha-me sempre a chorar da escola, a dizer que nunca tinha visto batatas e ia chumbar, e eu é que lhe dizia “Tem calma, Joca, para o ano já vais para a recruta e vais ter lá bué de batatas para descascar.”

Mas não tenho de ser eu a fazer este trabalho psicológiquiátrico. Os profs é que não o fazem, e depois dá na chamada “fuga de cérebros para a tropa”, que é um fenómeno bué recorrente em Portugal.

Espero mesmo que vocês publiquem esta carta, senão a gente sabe onde é a vossa sede.

Tasse.