EDITORIAL

O Benfica e o Défice - os dois desígnios nacionais

Quando, aos 83 minutos, vi o Luisão se atirar à bola com a fome com que o primo do Veiga se atirou ao “amigo” do Moretto, pensei: “Já está”.
A minha preocupação seguinte foi pegar no telefone e tentar descobrir onde estava o Ricardo. “Está no Montijo”, disseram-me. Boa. Isso reduzia as possibilidades de o Luisão o ter carregado. Era mesmo golo, com a breca.
Depois, mais dez minutos a opinar imparcialmente sobre os camones e o Glorioso Sport Lisboa e Benfica, a criticar construtivamente o árbitro – geralmente com frases iniciadas pela nobre expressão “Olha-me este grande…” – e a empurrar a televisão no sentido da baliza de cada vez que o Simão pegava na bola, voltei ao meu estado normal de mero adepto que se limita a morrer pelo Benfica, e pus-me a pensar sobre como este Benfica é mais inconstante que o PSI-20.
Há até pessoas menos bem intencionadas que dizem piadas como “As exibições do Benfica são como um iô-iô porque os jogadores só funcionam quando lhes dão guita”, ou “As vitórias do Benfica são como a pandemia de gripe das aves. Elas vão chegar, não se sabe é quando”.
Ora se o Benfica levar de vencida o Porto no domingo, então poderei dizer de peito feito: “Agora calem-se, que vocês não sabem nada do Glorioso.”
Caso o Benfica não vença o Porto no domingo, então simplesmente dir-lhes-ei:
“Eh pá calem-se, que vocês não sabem nada do Glorioso.”

A discussão entre ocidente e Mundo árabe continua, o que serve maioritariamente os interesses dos fabricantes de bandeirinhas, que já não vendiam tanto desde o Euro-2004. E tudo gira à volta de liberdade, de nós sermos livres e eles uns tiranos.
Um dia ainda hei-de escrever algo mais profundo sobre este interessante tema – “mais profundo” e “interessante tema” é geralmente uma combinação de expressões que os comentadores usam para dizer “hei-de escrever duas páginas inteiras sobre esta merda” – mas deixo-vos com esta pertinente questão:
Terão eles a civilização não-livre e desonesta, em que um homem pode ter quatro(4!) mulheres ao mesmo tempo e dizer com transparência e à-vontade a uma das mulheres: “Olha, Isménia, escusas de contar comigo para jantar que eu prometi à Latifa que hoje lhe fazia um filho”, por oposição ao regime livre e honesto do Ocidente, em que um homem tem de ligar para casa e dizer “Querida, deixa a comida no microondas que eu hoje sou capaz de fazer serão”?


A Direcção

PS: Por falhas técnicas ao nível da pontualidade, a Vista do Entroncamento só será escrita, no mínimo, amanhã, pelo que aparecerá no blog desfazada do resto da edição do e-pasquim. Caso queiram reclamar, têm todo o direito de não o fazer, porque temos mais que fazer que responder a comunistas sindicalizados - só por escrever estes dois termos tenho de ir rezar...