Isenção. Rigor. Inteligência. Aonde?! Aonde?!

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29 janeiro 2007

Bombeiros adeptos do Street Ambulance Racing

3500 ambulâncias circulam no país de forma ilegal. Fomos saber o porquê de essas ambulâncias não serem inspeccionadas, e chegámos à fala com um bombeiro adepto do Street Ambulance Racing, antes de mais uma prova na Ponte Vasco da Gama.
O Dependente de Café Expresso (ODCE) – Esta ambulância não está inspeccionada. Como garante que este veículo serve para transporte de doentes?
Bombeiro (B) – Meu amigo, este veículo não só serve para transporte de doentes, como serve para transporte de porcos quando há feira lá na aldeia. É um veículo completo, palavra de honra.
ODCE – E não vê inconveniente em transportar porcos e doentes no mesmo veículo?
B – Ás vezes pode haver as questões do cheiro e do sangue, mas os donos dos porcos não se queixam.
ODCE – Esta ambulância não tem maca! Só tem uma cadeira! Acha isto admissível?
B – É moderna. As casas-de-banho modernas também já não têm banheiras, têm polibans! Tem de haver espaço para o que interessa.
ODCE – Que é?
B – Por exemplo, insonorização. O paciente não pode ouvir nada da rua.
ODCE – Mas você tem as janelas partidas!
B – Mas temos dois subwoofers, 8 tweeters e 16 colunas para os médios. Aqui não há ruído das ruas, só a suave melodia do Hip-Hop.
ODCE – E acha o Hip-Hop benéfico para os doentes?!
B – Quase sempre. Só tivemos um caso de um doente cabo-verdiano que ficou um pouquinho angustiado, porque estava sempre a perguntar o que é que lhe ia acontecer e o rapper respondia-lhe “You’re going down, nigga// You’re going down, nigga”, e isso é uma coisa que põe a pessoa na dúvida. Por acaso põe…
ODCE – Não receia que esta ambulância não seja reconhecida na inspecção?
B – Esta ambulância é reconhecida em todo o lado! A gente passa na rua e a malta diz logo “Olha, lá vem a ambulância do Tino!” É por causa das jantes.
ODCE – Mas esta ambulância nem tem sirenes!
B – Não precisa. O meu primo Zé que é mecânico tirou-lhe o filtro de ar, de maneiras que faz um basqueiro tão grande que não há burro que não se desvie.
ODCE – Mas podia ao menos ter luzes no tejadilho, à frente.
B – E onde é que punha os cornos?
ODCE – Pronto, atrás.
B – E o aileron?
ODCE – No capot?
B – E as saídas de ar?
ODCE – De lado?!
B – De lado já temos. Não deve ter reparado, mas se pusermos a ambulância no escuro… cá está, vêem-se bem os néons vermelhos, por baixo das embaladeiras.
ODCE – Vejo que pelo menos têm garrafas de oxigénio.
B – Nitro. Garrafas de nitro. Se usar essas duas meninas ao mesmo tempo, dá 245 na Auto-Estrada.
ODCE – Não acha mais importante o doente respirar?!
B – Se todos os doentes andassem a 245, quando fossem a respirar já tinham chegado às Urgências.
ODCE – Não acha que devia ser menos obsessivo com a velocidade e mais com a saúde dos pacientes?
B – Eu não tenho a mania dos 245. Nem me passo só por andar a 245. Mas eh pá, é fixe dar 245, a malta vai a 245 e até os gajos do INEM dizem “Fogo, 245?” e a gente “Ya, 245” e eles “ A minha não dá 245” e a gente “Mas a nossa dá 245” e pumba, andamos a 245, sempre a rasgar a 245, passamos pela bófia a 245 e eles tiram-nos fotos a 245 e depois mandam-nos parar e dizem “245?!” e a gente “Ya, 245.” E depois autografamos a foto a 245 e eles ficam com uma recordação dos 245… Mas eu não ligo muito a velocidades. Nem sei quanto é que a carrinha dá ao certo.
ODCE – Já algum doente seu chegou com sucesso às Urgências?
B – Todos os meus doentes chegam às Urgências! E todos os nossos pacientes são entregues em tempo recorde! Porquê? Porque vão a 245.
ODCE – E qual é o vosso próximo passo? Alargar a frota?
B – O próximo passo é tentarmos entregar um paciente vivo…


CGA